DJ Kazé, 25 anos de carreira

DJ Kazé, 25 anos de carreira

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Como iniciaste a tua carreira músical?
Considero que iniciei o meu trabalho como dj profissional a partir do meu primeiro contrato de residência que foi em 1989 na mítica Hot Water nas Termas de S.Pedro do Sul, na altura a substituir dois grandes nomes do djing nacional (Rui Remix e Fantas) que me ensinaram a dar os primeiros passos como dj. O “bichinho” do Djing começou muito cedo, ainda nos meus tempos de locutor de rádio, com 16 anos. O gosto pela música foi o grande motivo, aprendi música de pauta aos 12 anos e cheguei a tocar numa banda filarmónica, mas como tinha de acordar muito cedo aos domingos, desisti. Depois da rádio começou o fascínio pelo djing e a paixão pelo mundo da noite, e daí até ser dj foi um saltinho.

Com 25 anos de carreira que diferenças notas no mercado musical de hoje em comparação com o mercado na altura em que começaste?
A questão do mercado musical ocuparia algumas páginas. Assim destaco o início dos anos 2000, a internet e os recursos electrónicos trouxeram profundas mudanças ao sector. Com tanto acesso à informação, até a maneira de consumir música mudou. A “vida útil” de uma música é bem mais curta. Os sucessos ”cansam” com mais facilidade. A explosão de ferramentas digitais deram voz aos artistas independentes e trouxeram consigo um público mais exigente que procura e seleciona o que quer ouvir.
Há quem diga que a música evoluiu para melhor, outros que dizem que evoluiu para pior, eu acho que depende do estilo músical que se gosta…

Como defines o teu estilo musical?
Como residente de uma casa como o Factor C, tento ser bastante eclético pois o público frequentador desse espaço abrange vários grupos etários e gostos distintos. Depois existe a música boa e má, mas todos temos o direito de ouvir aquilo que nos faz mais felizes! (risos)

O teu trabalho de deejay residente de uma casa como o Factor c Viseu é exigente ou preferes ser Freelancer?
Ser residente é um previlegio e um orgulho nos dias de hoje!
Ser freelancer, na maioria dos casos, implica a preparação de um set de duas horas, planeado é bem treinado e que muitas vezes é repetido em diversas atuações. O trabalho cinge-se a passar os hit’s do estilo musical, fazer umas “brincadeiras” et voilá! Está feito!
Ser dj residente não é devidamente valorizado nos dias que correm! Muitos julgam que é “sempre a mesma coisa” mas sugiro que ouçam um freelancer 6 ou 7 noites seguidas durante um mês!

Numa altura em que se fala muito em crise, como vês o mercado atual?
Sinceramente já vi melhor! Acho que a noite em Portugal tem vindo a perder qualidade. Não acho que isso seja só culpa da crise! (risos)

Ser produtor músical faz parte dos teus planos?
Provavelmente sim. É um sonho que venho adiando, o de ter um estúdio de gravação em casa, possa produzir, apesar de ver isso futuramente como um hobby. Neste momento es- tou ligado a uma escola de dj’s (mozart academy djs), onde dou formação e isso em conjunto com o djing ocupa muito do meu tempo.

O que é necessário, na tua opinião, para ser um bom deejay?
Muito trabalho obviamente é como tudo na vida, prazer, tem que se gostar do que se faz! Há quem queira ser DJ pela exposição de imagem, por ser moda. Reparem que a grande maioria dessas pessoas tem carreira curta.
Citando o Tó Pereira: ”Eu sou de uma geração e de uma escola, se é que existe… que sou eu, a música e as pessoas. Toco para as pessoas e o importante é perceber que as mesmas estão a divertir-se pela música e não por me verem a fazer palhaçadas”.

Que conselho dás aos novos que estão a começar nesta área músical?
Daria vários se me é permitido.
Para se preocuparem inicialmente em aprender os conceitos básicos do nosso trabalho, para investir em formação e algum material. Para estudar um pouco a história da música e desenvolver a sua cultura músical. Para ter paciência e levar o seu tempo a adquirir a perícia, a técnica e know-how necessário para se estar em frente a um público e fazer boa figura. Para sonhar, acreditar e acima de tudo nunca desistir por muito que a sorte teime em não estar ao seu lado! Depois de conseguir isso tudo “Have Some Fun”.

Projetos para o futuro?
Independentemente do que esteja a fazer em concreto, espero acima de tudo estar feliz e bem de saúde, se isso acontecer já será óptimo.
A indústria músical e do entretenimento já não é o que era e nos dias que correm é cada vez mais díficil pensar em carreiras a longo prazo, vamos vivendo um dia de cada vez, sem grandes certezas do que nos reserva o futuro. Resta-nos trabalhar intensamente, para que possamos assegurar uma hipotética e humilde “reforma”mais tarde. #

por Paulo Ribeiro

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