Palanca Negra Gigante

Palanca Negra Gigante

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Símbolo de Angola, a Palanca Negra Gigante, é considerada por muitos o mais belo e nobre dos antílopes.

Hippotragus niger variani é uma subespécie de palanca que só existe em Angola, descoberta em 1909 por Frank Varian, Engenheiro Inglês que trabalhava nos caminhos de ferro de Benguela.

Este belo mamífero mede entre 1,90 e 2,50 m de altura e pesa entre 200 e 270 kg. Ao contrário do que sugere o nome, apenas os machos adultos são de cor negra, sendo as fêmeas e as crias castanhas.

O termo gigante refere-se exclusivamente aos cornos que são notavelmente maiores do que de todas as outras raças de Palanca, cerca de 1,5 m e que são a sua melhor arma de defesa e ataque. Longos, paralelos e curvos de uma imponência única.
Existe uma outra espécie de palanca: a vermelha ou ruana (Hippotragus equinus). E a preta que tem quatro subespécies: a palanca negra comum, a palanca de kirk, a palanca de roosevelt e a gigante.

Outra forma de as distinguir além do tamanho dos cornos são as manchas brancas da face. A palanca negra gigante tem uma mancha branca isolada perto do olho, enquanto que na palanca negra vulgar essa mancha prolonga-se até à boca.
A palanca negra gigante tem uma distribuição geográfica muito restrita, existe apenas em duas áreas de conservação: o Parque Nacional da Cangandala, a 30 km da cidade de Malanje, e a Reserva Natural Integral do Luando nas províncias de Malange e do Bié.

A Palanca Negra Gigante vive em terrenos arborizados, em manadas de 10 a 30 animais, com um macho dominante ou em grupos celibatários de machos, junto a cursos de água.
Alimenta-se de ervas e folhas e seu período activo ocorre durante o início da manhã e ao cair da tarde. A palanca negra gigante atinge a maturidade sexual entre os 2 e 3 anos de idade. O período de gestação é de 9 meses. No final da estação húmida a fêmea gera uma cria que desmama aos 6 meses.

Os seus principais predadores são o leão e o leopardo. Mas o pior de todos é, sem dúvida, o homem. Por ter sido caçada até à exaustão chegou a julgar-se que a espécie já estava extinta.
A palanca negra figura desde 1933 na lista das espécies «sob protecção absoluta», estabelecida pela «Convenção para a Protecção da Fauna e da Flora Africana».

Este antílope endémico de Angola tem actualmente estatuto de “Criticamente ameaçado” (UICN, 2010). Infelizmente a Palanca negra gigante é um animal seriamente ameaçado de extinção.
Na década de 70 estimava-se a existência de cerca de 2500 palancas, hoje vivem menos de 100 animais, a caça furtiva com armadinhas e armas de fogo é a principal causa desta diminuição e continua a ser a maior ameaça ao símbolo nacional.
Terminada a guerra, em 2002, julgava-se que a Palanca Negra Gigante estava extinta. Veio-se a provar o contrário em expedições e levantamentos aéreos.

Teve então início, em 2003, o projeto de conservação da palanca gigante inserido no Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola actualmente supervisionado pelo Ministério do Ambiente em parceria com o Governo da Província de Malanje. O projeto tem atividades implementadas pela Fundação Kissama sob a coordenação de Pedro Vaz Pinto.
Símbolo de Angola, a Palanca Negra Gigante, é considerada por muitos o mais belo e nobre dos antílopes.
Em 2005 com a colocação de câmaras fotográficas com sistema de infravermelhos foi possível captar as primeiras fotografias, em 20 anos, de palancas negras gigantes no Parque Nacional da Cangandala.

Descobriu-se então que na Cangandala havia uma única manada sobrevivente, com apenas 9 fêmeas e nenhum macho adulto.
Sem a presença de um macho as palancas negras estavam a reproduzir-se com outra espécie, a palanca vermelha. A extinção por hibridação estava iminente.

Em 2009 foi criado um santuário onde se colocaram as 9 fêmeas e um macho trazido da Reserva do Luando, o Duarte, que daria início à reprodução da espécie.
A manada ficou assim longe dos híbridos e do macho de palanca vermelha e confinada a uma área mais fácil de monitorizar. Em 2010 nasceram duas crias dessa manada.
Em 2011 com o objectivo de aumentar o núcleo reprodutor foram capturados e transportados do Luando para a Cangandala, 2 machos e 6 fêmeas.

O projecto pretende continuar a estudar e monitorizar a população de palancas sobreviventes, contribuir para a sua protecção e estimular a reprodução nas suas áreas de origem.
A protecção efectiva da palanca poderá contribuir a médio prazo para a melhoria das condições de vida das comunidades, para o desenvolvimento da região e acima de tudo para o orgulho do povo angolano por salvar o mais conhecido símbolo nacional.
Angola escolheu naturalmente como símbolo este animal, único que não existe em nenhuma outra parte do mundo.

“Recentemente foi possível resgatar a população de palancas negras gigantes da extinção iminente e quase irreversível no Parque Nacional da Cangandala, todavia o futuro da espécie é ainda bastante incerto uma vez que a palanca permanece numa situação demográfica muito delicada e sujeita a uma grande pressão de caça furtiva. A Fundação Kissama, dando sequência ao trabalho realizado nos últimos anos, continua empenhada em colaborar com o Ministério do Ambiente e Governo Provincial de Malanje, no sentido de assegurar a conservação deste animal extraordinário.”

Pedro Vaz Pinto
CIBIO/InBio – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, Universidade do Porto, Vairão, Portugal
Departamento de Biologia, Faculdade de Ciências, Universidade do Porto, Porto, Portugal
ISCED – Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla, Lubango, Angola
The Kissama Foundation, Luanda, Angola

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